Para os dias que virão


Para os dias que virão desejo fé, entusiasmo e força. Quando eu era garoto, o presidente era o Sarney, que assumiu após a morte do Tancredo. Eu não lembro quase nada dessa época, até porque eu era muito jovem, mas o pouco que sei é que as coisas eram bem difíceis. Desde esse tempo para cá, foram (adivinhem?) sete presidentes: três se reelegeram; um(a) não cumpriu o segundo mandato inteiro; e tivemos dois impeachments. Nesse intervalo tivemos várias políticas econômicas e públicas (à moda da casa), a fim de equilibrar e organizar a sociedade e colocar o Brasil em lugar de destaque, um país em “desenvolvimento”. Foram implementadas várias moedas até chegarmos ao nosso Real; a Educação, a Saúde, a Segurança Pública, e muitas outras áreas, tiveram abordagens e importâncias diferentes em cada governo e sofremos os efeitos da solução de continuidade até hoje.

Nunca foi fácil, caro leitor, nunca. Hoje em dia, temos as redes sociais e uma mídia poderosíssima, através das quais as notícias de falcatruas (a ponta do iceberg) nos chegam rapidamente. Contudo, alguém duvida que desde os tempos coloniais passamos pelos mesmos problemas? Corrupção, intrigas, favorecimentos, populismo, privatizações, descaso com os serviços públicos… Sempre foi assim e sempre será. Entretanto, não desesperemos. A mudança parte de nós e nisso, também somos exemplos de perseverança. Vários movimentos, inclusive, surgiram na história brasileira em busca de melhores condições de vida: Inconfidência, Canudos, Diretas Já, Caras Pintadas e tantos outros, se revoltaram e lutaram contra um sistema, cuja essência, infelizmente, perdura até hoje.

Nunca foi diferente.

Recentemente, foi assinado um “regime de recuperação fiscal”, e os Estados que estouraram seus limites de endividamento poderão contratar empréstimos com respaldo do Governo Federal. Esse é o caso do Rio de Janeiro, que amarga uma crise desde 2015 e vê no acordo uma chance de recuperação. Contudo, medidas de austeridade serão tomadas para aderir ao plano, e o parecer do Ministério da Fazenda sugere, entre outras ações (pasmem), até o fechamento das universidades estaduais.

Há um ditado que diz “O pessimista reclama do vento, o otimista espera que ele mude, o realista ajusta as velas”. Talvez eu seja um pouco de tudo: reclamo, tenho fé que um dia as coisas mudem, mas não deixo de me ajustar à situação. Vi certa vez em um filme de piratas, na iminência de uma terrível tempestade, os bucaneiros se amarrando nos mastros para atravessá-la em segurança. O mar estava grosso, os ventos impiedosos. Não, não havia como fugir. Não há como fugir da tempestade. Nossa viagem tupiniquim passa por um momento parecido: o céu está enegrecido de nuvens carregadas, gotas grossas castigam a pele; a embarcação está a balouçar, quase virando, quase emborcando de vez. Muitos caem pela borda, mas precisamos ter fé, entusiasmo e força. É hora, caro leitor, de nos amarrarmos bem firmes aos mastros porque, para os dias que virão, a previsão é de mau tempo e ainda que estejamos longe do olho do furacão, como diz outro ditado, “depois da tempestade, vem a bonança”.

George dos Santos Pacheco
georgespacheco@outlook.com

*Publicado no portal de notícias Nova Friburgo em Foco em 10/09/2017.

Comentários